A EVOLUÇÃO HUMANA CONTINUA

Nas décadas de 1980 e 1990, a paleoantropóloga francesa Anne Dambricourt-Malassé, conduziu um estudo sobre o processo evolutivo dos hominídeos, a partir da evolução do osso esfenoide, o pilar central, a base da qual o nosso crânio e a coluna vertebral tomam forma enquanto nos desenvolvemos. Ele é o primeiro osso a se formar no embrião.

Anne comparou ossos esfenoides de macacos e fósseis de nossos ancestrais primitivos, com os ossos dos humanos modernos. Ela percebeu que ao longo do processo evolutivo o osso esfenoide foi mudando de posição, sempre inclinando-se na mesma direção, ocasionando mudanças na forma do crânio, que permitiu com que o cérebro ficasse cada vez maior, além de ter possibilitado a liberação gradual da laringe, que futuramente seria fundamental para o som da fala. O movimento do esfenoide também permitiu mudança no posicionamento da coluna vertebral, que foi fundamental para que o gênero homo tornasse bípede. 

Segundo a pesquisadora, a evolução hominídea não ocorreu gradualmente, mas em grandes estágios evolutivos. De acordo com ela, os períodos de estabilidade entre cada flexão do esfenoide foram ocorrendo em intervalos de tempo cada vez mais curto – há 40 milhões anos (símios), 20 milhões de anos (hominidae), 6 milhões de anos (australopithecus), 2 milhões de anos (homo) e 200 mil anos (homo sapiens). E cada vez que isso ocorria, um passo era dado adiante no processo de hominização, com o surgimento de novas espécies. E esse processo evolutivo não se encerrou no homo sapiens, ele continua.

Anne defende que uma nova flexão deve acontecer nos próximos milênios (se já não estiver acontecendo – uma das evidências é o crescente aumento do índice de crianças com malformação da arcada dentária ou maloclusão), ela teoriza que, quando o esfenoide se inclinar mais uma vez, provavelmente permitirá um aumento da massa encefálica, ocorrendo a verticalização da face, com crânios mais altos e arredondados na parte posterior e redução da mandíbula.

Em sua pesquisa, a paleoantropóloga francesa deduz que o provável responsável pela flexão do esfenoide seja a regulação gênica e alguns genes hereditários, os chamados genes reguladores, ou genes homeobox, que estão envolvidos na regulação de padrões de desenvolvimento anatômico (morfogênese). A mutação de alguns poucos genes reguladores pode mudar completamente a estrutura de um organismo, isso explica a grande diferença morfológica que nos separa dos primatas, embora compartilhemos 98,7% dos nossos genes. A mutação certa permite que uma espécie sobreviva as dramáticas mudanças no clima, geologia e ecologia global. 

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