Como se tornar um designer automotivo de verdade?

Este post quer ajudar você a transformar o sonho em realidade. Para embasar, batemos um papo bem instrutivo com Marcio Sartori, profissional com passagens pela Volkswagen, Fiat e Ford, e que hoje dirige a Ícon Design, uma das raríssimas instituições de ensino voltadas para o setor.

O primeiro item obrigatório parece simples, mas não é: você precisa ter muita habilidade no desenho manual. Precisa desenhar muito bem. E isso não é tão fácil quanto parece. Não basta ter desenhado um monte de F40 e Porsche 959 no caderno. É preciso desenvolver uma habilidade específica para o chamado sketch automotivo. Santori diz que alguns profissionais chegam a fazer quatro vezes o mesmo curso básico de sua escola. Isso: eles repetem o mesmo curso até quatro vezes só para aprimorar a técnica, como se frequentassem uma academia.



“Tem gente que confunde designer com artista, mas está errado. Ele não é artista, ele tem aptidões artísticas e aplica isso de forma científica, embasada”, diz Sartori. No curso de Sketch Automotivo da Icon, tem moleque de até 14 anos matriculado. O grosso, porém, são estudantes universitários de desenho industrial que buscam uma formação mais especializada para desenvolver técnicas de observação, traço e perspectiva.

O próximo passo é talvez o mais interessante. Chama-se Gestalt Automotivo – gestalt é uma palavra alemã que significa a psicologia da forma. Nesse curso, a ênfase é no conceito que leva ao desenvolvimento do design. “Uma coisa é desenhar um carro qualquer, outra coisa é desenhar um carro para uma marca específica, sintetizando as referências para um objetivo específico. Até para quem não trabalha com design este curso é bem interessante. Gerentes de produto e profissionais de marketing, por exemplo, já passaram por ele”, diz Sartori.



Agora vamos falar um pouco mais (de forma resumida) sobre como é o processo de definição das linhas de um automóvel. Isso ajuda a entender a divisão de funções que um designer pode exercer.

Com todos os esboços prontos, é hora de scanear os desenhos e transformá-los em renderizações 2D, ou seja: transformar um desenho feito à mão em dados digitais com linhas, proporções e perspectivas definidas. Isso geralmente fica a cargo do próprio designer responsável pelos sketches. Já a etapa seguinte – a modelagem digital em três dimensões – é tarefa de um profissional à parte.


Entra em cena o Alias, o famoso software de design industrial. A modelagem 3D constrói modelos virtuais a partir dos dados inseridos pelo operador. Assim começa a definição matemática do relevo e da profundidade das superfícies. Quando estiver pronto, este conjunto de dados digitais servirá de base para que uma máquina fresadora CNC (sigla para Computer Numeric Control) possa esculpir de forma mecânica um modelo em três dimensões, em escala real ou reduzida.

Na indústria automotiva, o material utilizado para produzir esse modelo de proporções fiéis é a argila sintética, ou clay. Depois de esculpido pela máquina, o bloco de argila se mantém maleável, e permite que o modelador de clay possa alterar a massa conforme o desejado. Esta é uma etapa crucial do processo, pois como todo designer gosta de dizer, nenhuma projeção 3D substitui a sensação de ver o objeto materializado, com volumes e sombras reais.

O clay também pode ser criado de forma manual, através da sensibilidade para transformar desenhos em esculturas. Por aí você percebe que esse tipo de profissional é raríssimo e muito valorizado, geralmente formado exclusivamente pela própria experiência dentro de uma grande fábrica. “Com exceção do nosso, não existe curso de formação para clay no Brasil. A maioria dos profissionais que trabalham na área são técnicos da produção, não designers”, diz Sartori.




Finalmente, depois de esculpir detalhadamente o modelo de argila e receber a aprovação de tudo quanto é chefia, este objeto – no caso, um carro – será scaneado novamente, para que todas as modificações feitas à mão possam ser adicionadas à renderização 3D. Já vi este processo sendo feito ao vivo: o modelo de clay ganha centenas ou até milhares de pequenos adesivos metálicos, e é fotografado sob diversos ângulos por um conjunto de câmeras high-tech que analisam o reflexo dos adesivos para criar uma nuvem de dados definitiva

Fascinante, não?

A Icon é teoricamente a única instituição de ensino focada na formação de designers automotivos, e seus cursos abrangem todas as áreas que citamos acima. Vale dar uma olhada no site dos caras para entender melhor como funciona. Além dela, já falamos aqui mesmo no Jalopnik – leia o post – sobre os cursos de pós-graduação da FAAP (Design da Mobilidade) e do IED Brasil (Transportation Design), para gente que já se formou em desenho industrial ou design de produto.




O caminho está dado. E se depender da quantidade de marcas que estão criando departamentos de criação no país, e da relevância que os profissionais brasileiros andam conquistando lá fora – o mais recente exemplo disso é a nova picape  S10, um produto global desenvolvido pela GM do Brasil – não faltarão destinos.

Comentários

  1. Olá gigantes do design. muito bacana o trabalho de vocês. Sou apaixonado por carros. E até criei uma coleção própria. Vejam: carrosmaistecnologicos.blogspot.com.br

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  2. Olá gigantes do design, muito bacana o trabalho de vocês. Eu sou apaixonado por carros. E até criei uma colecão. vejam: carrosmaistecnologicos.blogspot.com.br

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